No sábado (24), Salgado era aguardado no vernissage de uma série de vitrais criados por seu filho Rodrigo, que tem síndrome de Down, para a igreja de Saint-Remi, na cidade de Reims, no nordeste da França. Recentemente, Salgado havia cancelado sua presença em um encontro com jornalistas também em Reims, alegando problemas de saúde. O fotógrafo enfrentava há décadas complicações crônicas decorrentes da malária, doença que contraiu durante uma de suas coberturas fotográficas nos anos 1990.
Entre seus projetos mais emblemáticos estão ainda Êxodos (2000), um retrato pungente dos fluxos migratórios e da condição de refugiados ao redor do mundo, e Trabalhadores (1993), que documenta com dramaticidade e respeito a labuta de operários em diversas partes do planeta. Outro marco em sua carreira foi Gênesis (2013), uma celebração da natureza, dos povos originários e de ecossistemas ainda intocados, realizada ao longo de oito anos e em mais de 30 regiões remotas do planeta.
Seu trabalho foi amplamente reconhecido com diversos prêmios internacionais, incluindo o Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes (1998) e o World Press Photo. Em 2021, foi eleito membro da Academia de Belas-Artes da França, sendo o primeiro brasileiro a ocupar essa posição. Nos últimos anos, Salgado vinha se dedicando à fotografia de projetos autorais, como o de seu filho Rodrigo, cujo talento artístico ele frequentemente exaltava em entrevistas.